Tema: Identidade
Atividade: De onde eu venho?
Duração: 2 aulas
Objetivos de aprendizagem:
Relacionar-se no contexto familiar e social;
Refletir sobre a influência da herança familiar na formação da identidade e do próprio futuro.
Competências gerais da BNCC trabalhadas:
Conhecimento; 3. Senso estético e repertório cultural; 4. Comunicação; 5. Cultura digital; 8. Autoconhecimento e autocuidado.
Proposta de atividade:
Ouça as músicas “Paratodos”, de Chico Buarque e “Eu”, de Paulo Tatit, disponíveis nos links https://www.youtube.com/watch?v=axdhqnpHkHs e https://www.youtube.com/watch?v=yyilughaMJw
1 - Você já ouviu falar sobre Chico Buarque, Paulo Tatit e Monica Salmaso? Pesquise na internet informações sobre a vida e a obra desses artistas brasileiros. Resposta pessoal
2 – Você conhece a história da sua família? Converse com seus pais a respeito para conhecê-la ou relembrá-la. Anote os aspectos que considerar relevantes. Resposta pessoal
3 – A autobiografia é um gênero textual que permite ao autor contar a história da própria vida. Caracterizada pela veracidade dos fatos, a autobiografia se constitui em uma narrativa escrita em primeira pessoa e frequentemente pontuada por lembranças que dão ao texto um caráter subjetivo. A escrita de uma autobiografia contribui para que o autor amplie conhecimentos sobre si mesmo, tendo assim elementos para refletir sobre o futuro e construir seu projeto de vida.
A título de exemplo, confira o excerto abaixo, retirado de Pelé, minha vida em imagens (Cosac & Naif, 2010).
“O jogo seguinte seria dali a apenas três dias, contra o Vasco da Gama, no Macaranã. E as apostas, mais uma vez, estavam lá em cima. O maior estádio do mundo estava cheio, a ponto de explodir de tanta gente. Era um 19 de novembro, Dia da Bandeira. Os times entraram em campo segurando juntos uma bandeira, havia uma banda militar no gramado e balões foram soltos no céu. Era um ótimo dia para comemorações.
A maioria dos torcedores presentes ao Maracanã provavelmente queria ver o gol, mas os jogadores do Vasco estavam dispostos a frustrar a todos nós. Eles procuravam me irritar, davam tapinhas na minha cabeça dizendo: “Não vai ser hoje, Crioulo”. Fizeram tudo o que podiam para me impedir de marcar. O goleiro do vasco, Andrada, argentino, estava em excelente forma. Veio então um cruzamento perfeito na minha direção para que eu cabeceasse. Tive a sensação de que finalmente tudo acabaria ali, quando um jogador do Vasco, Renê, se antecipou e cabeceou contra o seu próprio gol.
Até mesmo isso parecia preferível para eles a me dar a chance de fazer o gol.
Alguma coisa tinha de aparecer e me dar essa chance. E ela aconteceu. Fui derrubado quando avancei dentro da área e o árbitro marcou o pênalti. Apesar do protesto dos vascaínos, ele manteve a decisão. E esse pênalti eu iria bater.
Pela primeira vez na minha carreira, senti-me realmente nervoso. Nunca sentira tamanha responsabilidade. Estava tremendo. Agora era comigo. Meus companheiros de equipe me deixaram sozinho e se alinharam no centro do gramado.
Corri para a marca do pênalti, como em câmera lenta, e chutei...
Antes de concluir, permito-me uma digressão sobre o modo como bato pênaltis. A arte de bater bem um pênalti está em colocar a bola exatamente no lugar onde o goleiro não está. Os goleiros procuram adivinhar onde o cobrador irá colocar a bola, e os cobradores, ao mesmo tempo, tentar enganá-los, jogando em outra direção. Lembro-me de ter visto, durante um treino da seleção, em 1959, Didi inventar um novo truque. Ele correu para a bola, mas antes de chutar, deu uma paradinha e olhou para ver para onde o goleiro se movia. Nessa fração de segundo, ele avaliou para onde seria melhor chutar a bola e, claro, bateu o goleiro. Achei uma ideia brilhante – situada no limite da regra, pois supõe-se que você deva chutar a bola antes que o goleiro se mova. Na verdade, o goleiro começa a se mexer antes de você dar o chute – de modo que olhar para ele pouco antes de chutar deixa você em posição de vantagem.
Embora credite a ideia a Didi, o fato é que ele nunca a aplicou em uma partida oficial. E eu o fiz. O lance ficou conhecido, no Brasil, como “paradinha”, pois eu sempre corria na direção da bola e brecava um pouco enquanto olhava para o gol e então dava o chute. Os goleiros se queixavam de que isso não era justo, e, em 1970, a FIFA proibiu a paradinha. Hoje em dia os árbitros estão menos inflexíveis, e tenho visto alguns jogadores retomarem o lance.
Voltando ao Santos e Vasco de 19 de novembro de 1969. Corri para a marca, dei uma paradinha, e chutei...
Goooooooool!
Corri direto para o fundo da rede, peguei a bola e dei um beijo nela. O estádio explodiu, com rojões e aplausos. De repente fui cercado por uma multidão de jornalistas e repórteres. Colocaram microfones na minha frente e eu então dediquei aquele gol às crianças do Brasil. Disse que tínhamos de dar atenção para as criancinhas. Comecei, então, a chorar, fui colocado sobre os ombros de alguém e ergui a bola para o alto. O jogo foi suspenso por vinte minutos, enquanto eu dava uma volta olímpica. Alguns torcedores do Vasco correram em minha direção e me deram uma camisa do time com o número 1000. Achei estranho, mas não tive alternativa a não ser vesti-la ali mesmo.”
Agora é a sua vez. Escreva a sua autobiografia. Lembre-se que o texto deve abordar a sua história e os acontecimentos considerados relevantes por você na sua vida. Resposta pessoal. Caso o professor considere possível, as produções dos estudantes podem ser reunidas na forma de um e-book e socializadas com a classe.
Para conhecer outras atividades para trabalhar com os estudantes do Ensino Médio consulte a obra (Des)Envolver e (Trans)Formar – Projeto de Vida, aprovada no PNLD 2021, disponível em: https://edocente.educar.tech/pnld/
Itale Cericato
Psicóloga. Doutora em Psicologia da Educação. É docente na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) onde orienta pesquisas no Programa de Pós-graduação em Educação que versam sobre a formação de professores e os processos de desenvolvimento e aprendizagem promovidos pela escola. Foi professora da Educação Básica nas redes pública e particular de São Paulo. É autora, entre outros materiais, do livro (Des)Envolver e (Trans)Formar – Projeto de vida, aprovada no PNLD 2021.

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